O sucesso da marca da asa dourada no Campeonato Nacional de Velocidade é longo e recheado, com mais de 20 títulos conquistados, pelas mãos de vários pilotos em todas as classes. Foi, também, há pouco mais de uma década que a Honda esteve representada com claras chances de disputar as vitórias, antes de mergulhar num “silêncio” ensurdecedor que durou até 2022.
Inscrita com as cores da RL58 Performance, do BricoMarché de Santo André e do concessionário representante do construtor japonês, a Jomotos, a moto pilotada por Ricardo Lopes fez a muito antecipada estreia nos circuitos portugueses, com quatro subidas ao pódio, duas delas no lugar mais alto! Dadas as circunstâncias do panorama internacional, no que à pandemia e conflito na Ucrânia dizem respeito, todo o projecto viu os seus timings serem obrigatoriamente alterados, face aos atrasos na entrega de matéria prima para a preparação e desenvolvimento da nova Honda CBR 1000 RR Fireblade, incluindo a própria.
Chegada a marca da passagem para a segunda metade da temporada de competição, era altura da equipa alentejana receber a sua Fireblade, dedicando-se à sua preparação para as duas datas finais do calendário de 2022. Após as primeiras sessões de testes privados, a nova moto da RL58 BricoMarché Honda estava pronta para enfrentar a concorrência no Circuito do Estoril. O feedback do piloto e do responsável técnico do projecto, Pedro Mendes, após as primeiras sessões de testes e treinos já na penúltima prova do ano de CNV Moto, era bastante positivo.

Estava comprovada não só a capacidade de adaptação de piloto e equipa à moto, como a qualidade da mesma, assim como a rapidez com que bons tempos foram registados em pista, com clara margem de progressão. Foi assim lançada a primeira pedra de um projecto que viria a viver a glória ainda em 2022, após a sua estreia. Na chegada a Portimão para a derradeira ronda do ano, a equipa rapidamente encontrou o seu ritmo, com bons tempos a serem marcados e que acabariam por levar a Honda à pole-position, na qualificação para a primeira corrida.
A primeira corrida seria de nervos para a RL58 BricoMarché Honda, com Ricardo Lopes a sofrer uma queda na curva 1 quando liderava a corrida em condições difíceis, com a chuva a marcar presença ao longo das 15 voltas que compunham a corrida. Lopes regressou à pista mais abaixo na classificação, não baixou os braços e partiu em busca da melhor posição possível. Para espanto de todos, Lopes não só retomou a corrida como recuperou as posições perdidas, regressando ao comando das Superbike, para vencer com mais de seis segundos de diferença!
Domingo o dia arrancou com a segunda sessão de qualificação, para determinar a grelha de partida da segunda corrida, a última da temporada. As condições meteorológicas melhoraram significativamente no traçado da Mexilhoeira Grande e Ricardo Lopes manteve, com a sua equipa, a mesma estratégia de cautela e evolução da nova CBR 1000, averbando a segunda posição na grelha. Na segunda corrida, todos os olhos estavam postos em Lopes e no que poderia fazer com a sua nova máquina.
As 15 voltas de corrida decorreram de maneira mais positiva do que o dia anterior para a moto #58, com Ricardo a seguir de perto o líder em grande parte da prova. À décima volta, Lopes assumiu o comando para não mais largar durante as cinco voltas finais, vencendo Romeu Leite com um segundo de vantagem. Estava assim comprovada a qualidade e capacidade da equipa que colocou a Honda novamente num lugar de destaque, com duas vitórias históricas que revelam todo o potencial do projecto, que terá a sua continuidade em 2023