Qualquer bom adepto do motociclismo de velocidade tem como ídolo John McGuinness. Mesmo sem títulos no Mundial de Superbike ou no MotoGP, e apesar de já contar com 50 anos de idade, o britânico é sem dúvida um dos pilotos mais carismáticos fora das pistas. Depois, quando coloca o capacete, é claramente um dos mais rápidos do mundo, especialmente se estivermos a falar de Road Racing, pois apenas e só no TT da Ilha de Man McGuinness conta com 23 vitórias e 47 pódios. E já agora, a sua volta mais rápida ao traçado de 60 km da Ilha de Man foi feita a uma velocidade média de 213,5 km/h…! E encontramo-lo recente numa apresentação da Honda em Donington Park.

O seu estilo pouco cuidado e até com alguma barriga, com aspeto de quem troca diariamente o ginásio pelas cervejas dos pub, parece não condizer com alguém que necessita da precisão de um cirurgião para lutar por vitórias nas corridas mais perigosas do mundo do road racing. McGuinness no entanto sempre foi assim. Aliás, desde a última vez que o vimos até parece estar mais magro e atlético, quem sabe um reflexo dos seus 50 anos.
Foi ele o nosso guia na apresentação da Honda CBR 1000 RR-R Fireblade SP 30º Aniversário, que decorreu recentemente no circuito britânico de Donington Park (contacto em breve nas páginas da revista Motociclismo), e depois de nos ter elogiado, dizendo que tínhamos sido muito rápidos num circuito que não conhecíamos (ficámos com o nosso ego bem lá em cima), esteve também nas comemorações dos 30 anos dos modelos Fireblade, que decorreram durante o fim de semana, e onde estiveram juntos algumas centenas de proprietários de modelos Fireblade, desde o primeiro de 1992 até agora. Aproveitámos o momento para dois dedos de conversa, dias antes do britânico ter rumado até à Ilha de Man, onde participa durante esta semana na mais famosa corrida de road racing do mundo.

Motociclismo – John, tens uma carreira incrível no motociclismo. Quais são para ti os pontos altos até ao momento?
John McGuinness – Bom, é uma boa pergunta mas difícil de responder pois tenho grandes memórias conquistadas até agora. Mas posso dizer que a minha primeira vitória num TT (Tourist Trophy da Ilha de Man), em 1999 foi muito especial. Foi com uma Honda 250 e acho que nos lembramos sempre da primeira vitória. Nesse ano venci também o campeão britânico com uma Honda 250, com a última corrida do campeonato a ter sido disutada precisamente aqui em Donnington. O ano de 2007 foi também bem especial, aí já com a Fireblade, onde venço o Superbike TT e o Senior TT, além de ter batido alguns recordes na Ilha de Man, por isso tenho grandes memórias e é impossível dizer apenas um grande momento até aqui.
Motociclismo – Ao longos dos anos pilotaste também motos muito diferentes, em pistas também muito diversas e em muitos circuitos de Road Racing. Quais as motos com que te divertiste mais até hoje?
John McGuinness – Sim, de facto corri com motos muito diversas, especialmente no TT, e desde 1996 passei pelas 250 cc, 125 cc, 400 cc, monocilíndricas, motos Ducati bicilíndricas, Triumph, motos tetracilíndricas… mas creio que a moto com que obtive mais sucesso foi mesmo com a Fireblade a partir de 2006, com excelentes resultados nos dois anos seguintes, e depois com muitos triunfos também a partir de 2011. Por isso, sempre que penso nos meus melhores triunfos, quase sempre estão interligados com a Honda Fireblade.

Motociclismo – E a paixão está mais nos circuitos de velocidade ou no road racing?
John McGuinness – Mais uma vez é difícil responder, porque gosto mesmo das duas vertentes. Gosto de circuitos pequenos, mas a verdade é que grande parte dos meus sucessos foram obtidos em circuitos de estrada… E sim, acho que posso dizer que o meu gosto está mais nas provas de estrada, embora a paixão, essa seja mesmo pelas motos e pela competição em moto. Tento sempre adaptar o meu estilo de pilotagem aos circuitos ou à estrada, consoante a prova, e no fundo acho que tive sorte por ter tido sucesso em ambas as vertentes.
Motociclismo – Quais são os objetivos para esta época?
John McGuinness – Os objetivos são de me manter saudável e seguro essencialmente. Obviamente que quero divertir-me e continuar rápido, mas não me quero magoar. Nem vou colocar demasiada pressão nos meus ombros, algo que por vezes senti ao longo dos anos. Agora não, quero apenas aproveitar e quanto aos resultados… é óbvio que quero ganhar, mas será muito difícil com a minha idade (risos), tenho 50 anos, mas vamos lá ver, tenho a experiência, tenho uma boa moto, por isso se terminar no pódio da Ilha de Man já seria muito bom.

Motociclismo – Ainda existe alguma prova ou algum tipo de competição que ainda gostarias de realizar antes de terminares a carreira? Uma prova única, uma corrida de off-road, etc?
John McGuinness – Sim, talvez gostasse de fazer uma corrida na Finlândia, no circuito de estrada de Imatra. Mas sinto que fiz um percurso sensacional, pois corri em Daytona, em Macau, em muitas provas de road racing, também na Austrália, corri no mundial de Supersport, fiz wildcard no mundial de velocidade, por isso não me falta nada, acho que fiz tudo aquilo que ambicionava fazer na competição.