Ensaio Zontes 350 GK – sempre a inovar

Após ter surpreendido muita gente pela positiva (nós incluídos), com os seus modelos de 125 e 310 cc,a Zontes lança a sua primeira 350 inspirada na G1X que já havíamos utilizado num comparativo aqui na Motociclismo. Será que as boas impressões mantiveram-se aos comandos desta bonita naked neo retro?

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:RUI JORGE

A marca chinesa do grupo Tayo Motorcycle Technology, fundada em 2003, começa a ser cada vez mais conhecida, especialmente desde que deu um grande salto qualitativo com os seus produtos, desde há uns anos para cá. Atualmente com modelos naked, trail, scooter e custom, a marca asiática distingue-se pelo equipamento e tecnologia das suas motos, sem que isso se reflita no preço final. Aqui na revista Motociclismo já testámos a scooter 310M na edição de fevereiro e mais tarde demos a vitória à estradista G1X na edição de abril, quando fizemos um comparativo com outras três propostas de 125cc, mas agora é tempo de falar da Neo Retro 350 GK.

ESTILOSA E EQUIPADA

Com um misto de estilo Scrambler e Café Racer, esta GK é então uma Neo Retro (ou uma Sports Café como está escrito nas laterais da moto), com bastante estilo, oque dificultou a nossa escolha de vestuário para este teste! Em destaque estão as rodas com raios laterais equipadas com pneus tubeless e válvulas de enchimento lateral, assim como a espetacular proteção de disco de travão dianteiro, mas são muitos mais os pormenores que dão nas vistas. Os faróis full LED com tecnologia DRL, as proteções de motor, as proteções de manetes (estas reguláveis)que parecem ter saído da competição, os espelhos retro, as tampas laterais escova-das, a proteção de radiador trabalhada e é claro, a instrumentação TFT muito completa, com sensor de luz ambiente, com-putador de bordo (consumo instantâneo e médio, indicação de pressão dos pneus,autonomia, média de velocidade, etc), conetividade bluetooth e quatro modos de visualização. Falando ainda em termos de equipamento, a ignição é keyless, temos dois modos de condução (Eco e Sport),uma entrada USB sob a coluna de direção,pegas dissimuladas para o passageiro,comandos elétricos para abertura do depósito de combustível e do assento, e os comandos são retroiluminados, algo tão importante e que muitas motos topos de gama continuam a não apresentar. E por agora, é tudo, uffa!

MOTOR E CICLÍSTICA

Quanto ao motor, falamos de um novo monocilíndrico de 348 cc com refrigeração líquida, com dupla árvore de cames à cabeça e quatro válvulas. Apresenta um sistema de injeção Bosch 6.0, e uma potência máxima declarada de 39,4 cv às 9.500 rpm para um binário de 32,8 Nm às 7.500 rpm e a caixa é de 6 velocidades, com embraiagem deslizante.Na ciclística encontramos um quadro tubular em aço, a suspensão dianteira é composta por uma forquilha invertida com bainhas de 43 mm e atrás o monoamortecedor possui nitrogénio de alta pressão e está montado diretamente no braço-oscilante que é construído em alumínio fundido. Na travagem, um disco em cada eixo, com o dianteiro de 320 mm a possuir uma pinça radial J. Juan, e o ABS é fornecido pela Bosch com um 9.1 de duplo canal. Esta Zontes monta pneus CST Ambro de17” (um 120 dianteiro e um 160 na reta-guarda), possui uma altura de assento ao solo de 795 mm e o depósito é de 17 litros,para uma elevada autonomia! Quanto ao peso, são 171 kg em ordem de marcha.

E NA PRÁTICA?

Já vimos como o equipamento desta 350GK é super completo, um modelo que está disponível também em cinza/laranja (com jantes pretas), em ambos os casos com um PVP apetecível de 5.138 €. Restava saber como tudo se comportaria em condições reais. Pois bem, a posição de condução é muito boa, com um bom guiador largo e uma correta posição de pernas e tronco, sendo o assento suficientemente confortável. O conjunto é imponente para uma 350cc mas muito fácil de mover nas manobras,mas quando arrancamos sentimos uma ligeira desilusão, não pelas prestações que são bem simpáticas e as esperadas, mas pelo feeling do motor monocilíndrico, demasiado abafado pelo Euro 5 e “calado” pelas duas ponteiras de escape subidas, pelo que o ruído parece quase o de uma comum 125 cc. Não podíamos esperar milagres de um pequeno motor monocilíndrico, mas certamente que uma outra ponteira de escape poderá ajudar nas sensações. Quanto às acelerações e recuperações, são boas e permitem rodar de forma tranquila ou mais “acesa”, aproveitando o motora partir das 5.000 rpm, numa fase em queas vibrações já se fazem sentir um pouco nas mãos mas acima de tudo nos espelhos retrovisores, desfocando um pouco a visão do que se passa atrás. O escalonamento da caixa é também um pouco estranho, com relações muito curtas entre a 3ª e a 5ª velocidades, mas ainda assim a 350 GK ultrapassa os 160 km/h já como ponteiro a invadir a zona vermelha do taquímetro. Por outro lado, em sexta já permite rodar às 4.000 rpm, a cerca de 75 km/h. Obviamente que a auto estrada não é o ambiente ideal para esta Zontes,mas sim a cidade ou uma estrada bem sinuosa. Neste âmbito a naked asiática comporta-se muito bem, com boas suspensões (muito bom mesmo o monoamortecedor traseiro) e uma travagem que cumpre bem falhas, sendo até bem sensível o travão traseiro, pois basta um pequeno toque para atuar. Os pneus CST também cumprem bem o seu serviço,pelo menos a seco, e deu para perceber como a autonomia é enorme, pois a nossa média de combustível foi de 4,3 l/100km, a andar rapidinho! Usámos sempre omodo de condução Sport (não notámos sinceramente diferenças para o Eco) e apreciamos ainda o bom funcionamento da ignição keyless e a instrumentação excelente e de visualização fácil, de dia e à noite. Num passeio noturno também gostámos muito da iluminação ampla e bem clara que os médios e máximos ofe-recem.No geral esta GK 350 passa no teste com distinção. Há aspetos que podem ser um pouco melhorados, como as vibrações e oescalonamento da caixa (quanto ao ruído,o melhor é recorrerem a outro escape),mas em tudo o resto gostámos mesmo desta Zontes, que oferece muita moto por um valor bem baixo de aquisição!