Hoje em dia temos motos para todos os gostos, e hoje venho contar a minha experiência pessoal aos comandos de uma moto elétrica bem potente. Até agora a minha relação com veículos deste tipo de energia era apenas e só com algumas pequenas scooters: será que a SR/F convenceu um motociclista experiente que em toda a vida andou com motos a combustão? Terão de ler até ao fim…

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:RUI JORGE
Ao trabalhar nesta área há muitos anos, fui tomando conhecimento de diversos aspetos. A qualidade das motos no geral tem subido imenso– existem cada vez menos diferenças de qualidade e fiabilidade entre as marcas mais reputadas e as restantes – e também existem gostos para tudo no que toca aos diversos estilos de modelos. No meu caso,mesmo com as minhas preferência, posso dizer que gosto de andar em todo o tipo de motos, desde que não avariem ou me mandem ao chão…Mas a minha experiência com motos elétricas é ainda reduzida, especialmente com modelos mais potentes, pelo que a minha curiosidade era imensa.
MARCA E MODELOS
A Zero Motorcycles é uma marca americana, com base na Califórnia, que possui uma gama composta totalmente por motos elétricas. Zero emissões enquanto conduzimos e um silêncio praticamente total que não incomoda ninguém, mas que também exige precaução quando circulamos em zonas com muitos peões. Com alguns modelos totalmente estradistas e outros vocacionados também para algumas incursões fora de estrada, a Zero caracteriza-se essencialmente pelas prestações e qualidade dos seus produtos. É claro que a eletrificação nas duas rodas tem sido mais lenta do que no mundo automóvel, e as únicas elétricas que costumamos ver nas estradas são bicicletas, trotinetes e peque-nas scooters. Para quem quer uma elétrica encorpada, com tecnologia e prestações a sério, então esta SR/F pode muito bem ser a solução. Sim, esta Zero já acelera a sério,e é preciso agarrar com força o guiador no momento do arranque…São cerca de 82 Kw, ou seja, 110 cv de potência disponíveis às 5.000 rpm e 190 Nm de binário, mas mais do que apresentar números, as recuperações nesta moto são de facto incríveis, pois a potência surge de forma muito mais instantânea do que numa moto a combustão. No modo Sport chega mesmo a assustar a rapidez com que conseguimos ultrapassar, e somente algumas motos com cerca de 200 cv, na faixa de rotação com mais binário,conseguem oferecer esta resposta. É quase como se tivéssemos sido lançados por um foguete! Estas sensações fazem-nos lembrar uma scooter potente no momento do arranque,devido a não termos de usar caixa de velocidades, só que aqui as acelerações são ainda mais velozes, até mesmo no modo Eco, o mais civilizado para usar na cidade e limitado aos 120 km/h. Este vai regenerando a bateria através de um travão motor bem notório, que quase nos faz prescindir de usar os travões em zonas urbanas.
MAIS CURIOSIDADES
A Zero SR/F possui uma instrumentação simples e fácil de ler. Conta de série como sistema CypherIII+, com respetiva app que permite customizar toda a condução e aceder a todo o software da moto, que vem de origem com punhos aquecidos,cruise control e possui os modos de condução Eco, Standard, Sport, Rain e Canyon,configuráveis de forma fácil através da respectiva app (sim, aqui é tudo tecnológico),num conjunto que atinge os 200 km/h nesta versão testada e pesa 227 kg. E como poderão ver no site da marca, tudo é muito relativo numa Zero Motorcycles. É possível optar por extensões de bateria que fazem aumentar a autonomia, mas de qualquer forma nunca se esqueçam de algo importante: sendo um veículo elétrico, a autonomia depende muito do que fazemos, e esta SR/F não foge à exceção; tanto pode realizar com um único carregamento 300 km na cidade no modo ECO – se rodarmos tranquilamente como faríamos como qualquer 125 cc – como pouco mais de 100km se andarmos em auto estrada ou a experimentar a sua vigorosa aceleração. EmAE, a partir dos 120 km/h a sua autonomia cai praticamente a pique! Quanto aos carregamentos, esta versão Premium pode carregar até 95% em duas horas, conforme a estação de carregamento, ou até metade do tempo com um carregador rápido opcional, mas numa simples tomada de casaé preciso terem um pouco mais de paciência, e na minha garagem o carregamento só ficou concluído no fim de seis horas.Já calculava que esta Zero iria convencer-me pelas prestações, mas estava curioso em relação à ciclística e qualidade de construção. Nesses capítulos esta moto não desiludiu. Os assentos são bons, a construção é sólida, e tanto as suspensões Showa totalmente ajustáveis como os travões da J.Juan, uma marca que pertence à Brembo, são de qualidade, semelhantes a uma boa moto de combustão. Neste campo destaco o feeling do travão dianteiro, de excelente nível.

DINÂMICA
Em relação ao peso de 227 kg de peso, esta Zero não é nem muito leve nem muito pesada, mas quando conduzimos mais depressa, e especialmente em curva, sente-se um pouco o peso das baterias, especialmente sobre o eixo dianteiro, que até deixa o pneu Pirelli mais quente que o posterior.Apesar de ser uma naked desportiva, com prestações fantásticas, acabou por ser na cidade que mais gostámos de andar coma SR/F. Aí a suavidade é enorme e conseguimos fazer bastantes kms. Em estrada a ciclística porta-se bem desde que não haja muitos ressaltos, pois nesse caso o peso das baterias poderá destabilizar um pouco o conjunto nos ângulos de inclinação. Outro aspeto que poderá ser resolvido muito em breve é a falta de um travão de parque,pois assim a moto fica solta no momento de estacionar, o que pode ser menos agradável em locais com inclinação. E este modelo deverá ter um carregamento ultra rápido em breve, mas para já ficam a saber que existe 5 anos de garantia para o powerpack das baterias.Se senti falta do ruído de escape, senti, mas isso para mim não seria algo impeditivo para a compra. O preço final e a autonomia em estrada, isso sim fariam-me pensar. Ou seja, esta moto é muito boa e terá os seus fãs definidos, mas dificilmente irá substituir a tradicional moto a combustão do motociclista que faz passeios e viagens ao fim de semana. Gostei mesmo desta Zero SR/F,mas não é uma moto barata nem para qualquer um.








ZERO MOTORCYCLES SR/F | |
MOTOR | elétrico Z-Force® 75-10 |
CILINDRADA-POTÊNCIA | 120 cv às 5.600 rpm |
BINÁRIO | 190 Nm |
CAIXA | automática |
QUADRO | tubular em aço |
BATERIA | 15,6 kWh |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha invertida ajustá-vel Showa de 43 mm, curso 120 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor Showaajustável, curso de 140 mm |
TRAVÃO DIANTEIRO | 2 discos 320mm, pinçasradiais J.Juan de 4 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco 240 mm, pinça J.Juan de1 êmbolo |
PNEU DIANTEIRO | 120/70-17 |
PNEU TRASEIRO | 180/55-17 |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.450mm |
ALTURA DO ASSENTO | 787mm |
PESO | 227kg |
P.V.P. | 21.490€STANDARD(DESDE) |
P.V.P. | 23.790€PREMIUM(DESDE) |