O investimento da Yamaha nas classes de iniciação continua, e 2022 espelha isso mesmo. As dois tempos de motocross foram renovadas, e a YZ 85 foi uma delas, com novidades profundas ao nível da ergonomia e mais algumas na ciclística.

TEXTO: Tomás Salgado / FOTOS: Rui Jorge
A YZ 85 já gritava por melhorias há alguns anos, apesar de em 2019 ter recebido válvula de escape no motor e plásticos com novo desenho, mas pouco mais, mantendo o mesmo depósito de combustível assimétrico e o mesmo assento de desenho antiquado, fundo e pouco plano. A Yamaha tem sido também a moto mais pequena e menos ‘raçuda’ da classe das 85, pelo que é fácil de utilizar mas menos competitiva que as rivais que saem da fábricaaustríaca.No entanto a marca japonesa tem feito o esforço para combater essa situação e,mesmo se para 2022 as alterações não são profundas, foram feitas em zonas chave da moto e tornam-na completamente diferente.

As novidades
A YZ 85 herdou o aspeto das irmãs a dois tempos maiores para 2022, a 125 cc e a 250 cc. Recebeu um novo depósito de combustível e duas tampas laterais simétricas, apesar de continuar a ter apenas um radiador do lado esquerdo. O assento é muito mais plano e alto oque, associado às tampas, altera por completo a posição de condução, com o piloto a ficar mais alto em relação ao guiador, este também mais leve que o anterior, apesar de manter omesmo formato e dimensões. O sub-quadro passou a ser totalmente construído em alumínio de secção quadrada,reduzindo o peso em mais de 500g e aumentando a sua rigidez. As tampas traseiras e guarda-lamas contam com novo desenho, o qual ainda permite uma maior e mais direta entrada de ar para a caixa do filtro de ar, melhorando a resposta do motor nos baixos regimes, e a própria caixa foi melhorada internamente, apesar do elemento de filtro ser idêntico. Também o guarda-lamas dianteiro tem novo desenho e,tal como os outros novos plásticos, é mais robusto, mantendo-se inalterada apenas a placade número frontal.Na ciclística existe um novo braço oscilante, mais longo em cerca de 10 mm e com maior rigidez torcional, contribuindo para uma óbvia distância entre eixos maior, mas também a uma maior altura da moto.Ainda na ciclística, finalmente foi trocada a bomba de travão traseiro, com o antigo modelo com o copo do óleo separado a dar lugar a uma unidade semelhante à das motos maiores,com o óleo incorporado na bomba como nas YZ maiores e na 65 cc.No motor nada mudou, nem mesmo o desenho do escape e do silenciador e o maior fluxo de ar não se nota a rodos, mas a verdade é que a YZ 85 tem um motor com uma entrega eficaz e de fácil uso, o que tem as suas virtudes contra as concorrentes.As suspensões continuam as mesmas unidades da Kayaba, com uma forquilha invertida na frente e um amortecedor montado num sistema progressivo de bielas na traseira, tudo completamente ajustável. Apesar de a marca não anunciar alterações aos ‘settings’, oconjunto parece mais firme que o anterior.

Maior e mais competitiva
Então quais foram os ganhos desta 85cc?Na verdade, foram vários, mas essencialmente a nova posição de condução permite que seja pilotada de forma mais agressiva e eficiente. O piloto consegue ficar mais próximo do guiador e consegue mexer-se no assento com maior facilidade, desde a ponta dianteira perto do depósito para curvar, até à ponta traseira (onde tem uma inteligente e simples tampa do parafuso que segura o assento) para as zonas rápidas. A esponja do assento tem ainda um novo formato nas arestas laterais e é mais firme, tal como as suspensões também se mostram mais firmes.Por outro lado, manteve a maioria das características que já tinha, o que é positivo,especialmente a da facilidade de utilização geral da moto. O motor debita quase 25 cv de potência máxima, que é entregue de forma ‘redonda’ e sempre pronta, com a válvula de escape de acionamento mecânico a ter uma forte influência. O tacto dos comandos, com a embraiagem por cabo, continua simples e intuitivo, e a caixa de velocidades é precisa, mas esta já podia ter um escalonamento mais próximo entre as seis mudanças.Mas onde mais ganhou foi, como dissemos, na ergonomia e tamanho, facilitando a vida aos pilotos de maior estatura (são quase todos, hoje em dia!) ou aos que já estão no último ano no escalão das 85 cc, que é o caso do Vasco Salgado que nos ajudou neste contacto. Apesar de não ser grande para os 13 anos de idade, o Vasco assentou ‘que nem uma luva’ na nova YZ 85 e, segundo o mesmo, «a posição de condução é bem melhor. Já não me sinto tão fundo no banco e fico mais em cima e perto do guiador. A moto parece maior em tudo e é mais alta, mas acho que é mais fácil de controlar em todas as situações e consigo atacar melhor as pistas. Consigo colocar melhor o corpo onde é preciso para travar,para curvar,e até mesmo nas zonas rápidas com buracos, mas continua a não ser muito difícil de guiar, o que é bom para mim. A suspensão é mais durinha mas até gosto, e sinto segurança mesmo quando há mais buracos.»Com estas alterações à YZ 85, a Yamaha conseguiu uma moto mais competitiva e bastante mais próxima das rivais mais diretas em termos de prestações puras, mas conseguiu fazê-lo mantendo a sua maior facilidade de utilização e sem se tornar mais exigente do que era,ponto onde é superior às rivais!

CAIXA
GYTR e Blu Cru
Como mencionámos, a Yamaha está bastante ativa nos escalões de iniciação a nível europeu, começando pela classe das 65 cc e terminando em MX2 onde, além da equipa de MXGP, apoiam várias outras a nível do campeonato europeu. Este envolvimento não se limita em ter equipas, mas também em todas as questões que englobam o motocross(preparação física, pilotagem, alimentação, preparação das motos, etc.). Neste último campo, o departamento de competição da Yamaha, GYTR, tem opções bastante competitivas e completas para as suas motos, e a 85 cc é uma das contempladas com um kit completo para o motor (com escape completo, CDI, lamelas, cilindro, cabeça, válvulas de escape, tampa de radiador, agulha de carburador, vela, etc.), que melhora bastante as prestações para os pilotos que precisam de mais.Na parte da competição, existe a BluCru, que seleciona os melhores pilotos de cada país nas classes 65, 85 e 125 para uma final europeia (normalmente disputada a par com o Motocross das Nações no final da época), em que os vencedores de cada classe são fortemente apoiados pelas equipas da marca na época seguinte.

O MELHOR
Melhor ergonomia
Motor forte mas fácil
Tato dos comandos
A MELHORAR
Quadro pouco atual
Menos agressiva que a rival direta
YAMAHA YZ 85 2022 | |
MOTOR | monocilíndrico a 2 tempos,refrigeração líquida |
Cilindrada | 85 cc |
Potência | 23,5 cv |
Binário | n.d. |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | berço semiduplo, em aço |
Depósito | 5 litros |
Suspensão dianteira | forquilha telescópica invertida, curso de 275 mm |
Suspensão traseira | monoamortecedor, curso de 287 mm |
Travão dianteiro | disco de 220 mm |
Travão traseiro | disco de 190 mm |
Pneu dianteiro | 70/90-19 |
Pneu traseiro | 90/100-16 |
Distância entre eixos | 1.285 mm |
Altura do assento | 885 mm |
Peso | 75 kg |
P.V.P. | 4.885 € |




