Numa época em que todos querem uma trail e estas motos dominam o mercado,seja para o dia a dia ou para grandes viagens, a Suzuki aposta forte no segmento Sport Touring. A concorrência direta é pouca, com a Kawasaki Ninja 1000 SX a ser provavelmente a única digna de comparação direta, ainda que sejam muito mais os modelos das diversas marcas que se dizem equipar com as características desta GSX-S1000 GT. Mas será que faz sentido uma Sport Touring nos tempos que correm? Não queiram saber o quanto…

TEXTO:JOÃO FRAGOSO/ FOTOS:RUI JORGE
A Suzuki entra num segmento que já viveu melhores tempos, mas que, ainda assim, continua bem vivo para os amantes mais puros das duas rodas. O conceito é simples: percorrer muitos quilómetros de forma confortável com um carácter desportivo sempre presente. Mas conforto e desportiva nem sempre casam muito bem e a tarefa da Suzuki não era fácil. Contudo, não precisamos de muito mais do que subir para a GSX-S1000GT para perceber que a marca nipónica não se conteve em fundir estes dois conceitos.
CONFORTÁVEL À SUA MANEIRA
Possuindo todos os ingredientes para se inserir numa categoria de motos turísticas,a GSX-S1000 GT partilha também muitos componentes com a sua irmã naked, da Suzuki não faz nada para esconder isso.O guiador é em tudo semelhante, o que proporciona imediatamente à nova moto japonesa uma posição bastante confortável. Em percursos citadinos, que exigem um pouco mais de “mão de obra”, a Suzuki mostrou-se confortável e fácil de manobrar. Em deslocações mais longas, devido à largura e altura do guiador nunca sentimos que estamos numa posição de desconforto ou tensão, mantendo qualquer viagem numa deslocação prazerosa. Apesar disso, o assento, por sua vez, revelou algum desconforto em deslocações mais longas,algo que não deixa de ser surpreendente tendo em conta o propósito desta moto.A solução? Não ficar muito tempo na mesma posição em cima da moto, procurando aproveitar o carácter mais desportivo da mesma, usufruindo da fusão conforto/desportividade. A posição das pernas e a forma como “abraçam” as carenagens dizem-nos claramente que estamos sentados numa moto que procura curvas. Não na cidade, mas de estradas secundárias,preferencialmente bastante sinuosas. A condução tem de ser adaptada às características mistas da moto, mas rapidamente conseguimos tirar o máximo partido desta Sport Touring. Podemos também optar por um assento em gel, mas já não haveria(mais um) pretexto para adotar uma condução desportiva.

CORAÇÃO COM ALMA
O motor desta GSX-S1000 GT é provavelmente um dos mais conhecidos do segmento das motos super desportivas. A famosa GSX-R 1000 K5 continua a ser considerada por muitos “A” super desportiva, e um dos pontos fundamentais para isso é o seu motor. Naturalmente com bastantes alterações – sistema de admissão e eletrónica foram as principais mudanças – na nova Sport Touring japonesa este motor continua a entusiasmar e a criar emoções fortes em toda a faixa de rotação. Em baixos e médios regimes sentimos que os 150cv estão ainda a acordar neste bloco de 999 cc, mas estão bem vivos e prontos a entrar em ação. É a partir das 7.000 rpm que este motor se faz realmente sentir e revela todo o seu carácter, contudo, a linearidade do mesmo é deliciosa. A electrónica contribui em grande parte para esta suavidade, e os diferentes modos de condução – são três – fazem-se sentir proporcionam sensações bem diferentes entre si. A transmissão final pareceu ser algo curta para uma moto pensada para longas distância, mas isso traz benefícios na condução citadina e estradas sinuosas, onde as passagens de caixa acontecem menos vezes. Isto pode incomodar alguns, tendo em conta a eficácia do sistema Quick Shift Bidirecional, que nos faz querer realizar passagens de caixa constantes. O som emitido pelo sistema de escape, tendo em conta todas as restrições das normas EURO5, é fantástico, lá está, especialmente com autilização do Quick Shift.
SUZUKI E TECNOLOGIA
A relação da Suzuki com a tecnologia nas suas motos não tem sido a melhor,ou pelo menos a mais atual. Mas a GSX–S1000 GT vem muito bem equipada neste departamento. O típico painel LCD com tons azulados que estamos habituados a ver nos modelos da marca nipónica, foi substituído por um TFT a cores de 6,5” que integra o sistema S.I.R.S (sistema de condução inteligente Suzuki) que conta com diversas ajudas eletrónicas. O painel permite ainda emparelhar o telemóvel e o intercomunicador diretamente à moto e, para além de fornecer as indicações via áudio, mostra o mapa completo com as indicações até ao destino, algo que não encontramos em muitas motos, mesmo aquelas que são pensadas para as grandes viagens.E para que não falte bateria ao telemóvel e possamos manter a conetividade, podemos contar com uma tomada USB do lado esquerdo, junto do painel. Os comandos não são altamente intuitivos,mas pela sua simplicidade têm um curto período de habituação.

PUREZA
Pureza é efetivamente a palavra para descrever esta moto. Apesar de toda a(boa) eletrónica, sentimos sempre que estamos ligados à estrada e as sensações que passam evidenciam ser sempre as corretas, muito por culpa das boas suspensões (totalmente ajustáveis na dianteira) em plena sintonia como quadro. O motor é soberbo em alta rotação e em condução mais comedida mostra ser civilizado e muito fácil de utilizar. Mas é preciso referir pontos menos positivos como os travões, que exigem algum empenho para fazerem o que queremos, assim como o vidro poderia ser mais generoso na proteção que oferece. Porém, o saldo final é bastante positivo e a Suzuki GSX-S1000 GT apresenta um ótimo conjunto. A capacidade de viajar – ampliada na versão testada pelas malas laterais que são um extra – está bem presente, assim como a possibilidade de a qualquer momento rodarmos o punho direito e sentirmos a emoção de estar numa moto desportiva. Aqui não há truques e a Suzuki oferece aquilo que diz ter, uma Sport Touring no verdadeiro significado da palavra.
SUZUKIGSX-S1000 GT | |
MOTOR | 4 cilindros em linha, refrig. líquida |
CILINDRADA | 999 cc |
POTÊNCIA | 152 cv (111.8kW) @11.000 rpm |
BINÁRIO | 108 Nm @ 9.250 rpm |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | dupla trave em alumínio |
DEPÓSITO | 19 litros |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha telescópicainvertida, curso de 120 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor, cursode 130 mm |
TRAVÃO DIANTEIRO | dois discos de 310 mm, pinçasBrembo de 4 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco de 240 mm, pinça Nissin |
PNEU DIANTEIRO | 120/70 ZR17 |
PNEU TRASEIRO | 190/50 ZR17 |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.460 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 810 mm |
PESO | 226 kg |
P.V.P. | (DESDE)15.449€ |






