A Moto Morini está de regresso, para já com uma gama ainda reduzida,mas bastante interessante. Pode ter perdido um pouco da exclusividade do passado mas ficou mais acessível a todos e manteve algum do glamour italiano. Vamos tentar explicar melhor!

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:RUI JORGE
Os fabricantes italianos estarão sempre relacionados com produtos mais exclusivos mas também com histórias de vida muito conturbadas. Falando da Moto Morini, tudo começou em 1937, tendo a década de 40′ sido muito proveitosa, com o lançamento de motos bem interessantes e que provaram ser também competitivas no mundo da competição. Na década seguinte a subida de produção obriga a marca a mudar-se para uma fábrica maior, ainda na zona de Bolonha, e a empresa continua a inovar com as suas motos de corrida de baixa cilindrada. Começam as exportações para os EUA e as décadas de 60′ e 70’são proveitosas, antes da marca ser comprada pela Cagiva em 1986, que já havia comprado a Ducati. A Morini passa a produzir cada vez menos, até entregar os últimos modelos em 1992,mas no final da mesma década familiares dos criadores da marca compram a Morini à Ducati.Em 2005 voltam a ser produzidos modelos (bi-cilíndricos de elevada cilindrada com o quadro em treliça), até a marca falir em 2010… Em 2011 a Morini é comprada por dois empresários, a produção muda de local e em 2015 começam a ser fabricados os belos modelos Corsaro e a Milano, antes da marca mudar de mãos em 2018 e passar a fazer parte do grupo chinês Zhong-neng Vehicle Group, que apostou para já com sucesso nos modelos X-Cape e Seiemmezzo, naked que deverá chegar em breve ao nosso país. Mais modelos serão lançados,com motores de capacidade diversa, mas para já aqui ficou um breve resumo da história da Moto Morini, que mantém a produção em Itália e já está espalhada em diversos concessionários no nosso país,um deles a HM Motos em Lisboa, que nos cedeu amavelmente esta unidade para teste.
A X-CAPE
Já tínhamos visto este modelo no Salão de Milão, que deu nas vistas pela sua estética muito bem concebida, e ao vivo a opinião mantém-se, especialmente na versão com rodas de raios (que podem ver por cima do título deste trabalho),disponível em três decorações diferentes e também na Gold Wheels Edition.Olhando com mais atenção, vemos depois que a qualidade geral é bastante aceitável, com alguns bons componentes misturados com outros mais simples.O motor é um bicilíndrico paralelo de 650 cc, que debita 60 cv de potência e apresenta um ruído de escape muito familiar… Na verdade é o motor que a Kawasaki sempre usou nos seus modelos de média cilindrada (Versys, etc), embora em algumas das suas atualizações mais recentes. Cumpre na mesma as normas Euro5, mas não apresenta a mesma rapidez na subida de regime que o motor de última geração, notando-se mais os atritos internos e a menor suavidade da caixa de velocidades, que é algo dura,até mesmo em redução. As prestações são ainda assim as esperadas, com acelerações aceitáveis nos médios e altos regimes, e uma velocidade máxima a rondar os 190 km/h, sendo a autonomia muito elevada devido ao depósito de combustível de 18 litros. E as prestações só não são mais elevadas porque a X-Cape é algo pesada, 213 kg a seco que se notam nas manobras e em estradas mais reviradas de contra e contra curva.

EQUIPAMENTO ELEVADO
Neste capítulo podemos começar por falar das luzes full LED, com função diurnas e assim o desejarmos, dos comandos retroiluminados (que ainda poucas marcas possuem nos seus modelos) e do para-brisas ajustável em altura. O ajuste não é fácil de realizar em andamento, mas de qualquer forma a regulação mais baixa até é suficiente para uma boa proteção para um condutor de estatura média. A instrumentação é composta por um ecrã TFT de 7”, de excelente leitura e com dois modos de visualização à escolha de acordo com o modo de condução escolhido. Não notámos diferenças entre o Ride (modo estradista) e o Off-road,com a diferença que neste se pode desligar o ABS. E assim conduzimos sempre no modo Off-road, com um espetacular taquímetro à nossa frente. A instrumentação dá-nos também informação da pressão dos pneus e podemos conectar o smartphone à moto para gerir música e chamadas (existe ainda uma dupla entrada USB), mas por outro lado não temos um computador de bordo com os consumos médios, autonomia, etc. No capítulo das suspensões a X-Cape monta uma forquilha invertida Marzzocchi de 50 mm ajustável na dianteira, os pneus são os excelentes Rally STR da Pirelli e a travagem monta pinças Brembo com ABS fornecido pela Bosch. A roda dianteira é de 19 polegadas (tanto nesta versão como na de raios) e a traseira de17”. E ainda existem muitos acessórios à escolha, como as malas laterais rígidas e top-case, proteções de cárter, motor e demãos, assento mais baixo, pára-brisa mais elevado, etc, podendo ser ainda limitada a 48 cv para possuidores de carta A2.

SENSAÇÕES
Ao longo dos primeiros quilómetros nem nos sentimos muito à vontade, pois a X-Cape é algo grande e pesada, e seguimos de braços um pouco esticados,mas também não chegámos a mexer no guiador ajustável, enquanto o assento é confortável mas algo “escavado”. Apesar da sua média cilindrada, o habitat natural da X-Cape não é a cidade, onde opeso e as dimensões poderão atrapalhar os menos experientes. Ah, e também se sente algum calor proveniente do motor em ambiente urbano. Depois, em estrada aberta e até em auto estrada esta Moto Morini está muito mais à vontade.A posição de condução é boa para realizar muitos quilómetros, vamos bem protegidos, e a estabilidade é a nota dominante, em qualquer ritmo e em qualquer tipo de estrada. As suspensões são muito boas na absorção das irregularidades,a travagem é igualmente satisfatória em termos de potência desaceleradora e tato, e os pneus dão-nos muita confiança. E fora de estrada, após desligarmos o ABS, também passámos por bons momentos, com a ciclística a permitir algumas brincadeiras mesmo em percursos mais acidentados. No geral, podemos dizer que o primeiro passo da renovada Moto Morini foi bem dado e com segurança.A X-Cape é uma moto muito bonita,monta um conhecido motor fiável, e apresenta alguns belos detalhes a ní-vel de equipamento. Além disso, oferece conforto e uma ciclística capazes de oferecer longos passeios com muita estabilidade e segurança, sendo ainda de salientar algo importante… o preço de 7.190 € (7.490 € na versão de jantes com raios pretos e 7.790 € com raios doura-dos) é bastante atrativo e poderá ajudar ao sucesso desta marca italiana. Venham mais modelos!
MOTO MORINI X-CAPE | |
MOTOR | 2 cilindros paralelos, refrig. líquida |
CILINDRADA | 649 cc |
POTÊNCIA | 60 cv (44 kW) @8.250 rpm |
BINÁRIO | 54 Nm @ 7.000 rpm |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | tubular em aço |
DEPÓSITO | 18 litros |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha telescópicainvertida de 50 mm, curso n.d |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor lateral,curso n.d |
TRAVÃO DIANTEIRO | dois discos de 298 mm, pinçasBrembo de 2 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco, pinça de2 êmbolos |
PNEU DIANTEIRO | 110/80-19M/C |
PNEU TRASEIRO | 150/70-17M/C |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.490 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 845 mm |
PESO | 213 kg (a seco) |
P.V.P. | (DESDE)7.190€ |






