Após o lançamento da Challenger, era previsível que a Indian aproveitasse a base mecânica para algo (ainda) mais adaptado às longas viagens. A resposta chegou com o nome Pursuit, mas apesar das suas dimensões “avantajadas”, a marca americana quis mostrar que o modelo não se atrapalha nas sinuosas estradas dos Alpes, pelo que nos encontrámos em Chamonix!

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:INDIAN
Já lá vai o tempo em que as marcas americanas pensavam quase somente no mercado interno, e em que os modelos mais grandiosos eram reis. Hoje em dia as gamas estão bem mais diversificadas,e apesar das turísticas continuarem a ser motos grandes e pesadas, naturalmente, os cuidados para que estas vinguem em todos os mercados são evidentes. A Indian, por exemplo, fez deslocar à Europa em 2015 um responsável máximo da marca, por forma a conhecer as necessidades dos motociclistas europeus. Passados 7 anos, fizemos precisamente o mesmo percurso que esse responsável pelos Alpes, com início em Chamonix almoço em Annecy junto ao fantástico lago com o mesmo nome e regresso à mesma cidade. Muitas curvas ao longo de 200 km, porque isto de viajar não tem que ser apenas a direito!
ATUALIDADE E MOTOR
A Indian possui fábricas nos Estados Unidos, Polónia e Vietname, com mais de 350 concessionários espalhados por todo o mundo. Os grandes encontros entre membros são cada vez mais usuais – como a sua grande rival também sempre organizou – e neste momento a gama divide-se entre os modelos FTR, Scout, Chief, Bagger e Touring. Falando das turísticas Challenger e Pursuit, são motos em que as carenagens estão montadas no chassis e não no guiador (tendência que tem vindo a crescer), melhorando a dinâ-mica, o conforto e até o próprio estilo,além de possuírem leves e modernos quadros em alumínio. Quanto ao motor Powerplus, partilhado pela Challenger e Pursuit, é um bicilíndrico em V refrigerado por líquido com 1.769 cc e que debita 122 cv de potência às 5.500 rpm,para um binário máximo de 174 Nm às 3.800 rpm. Um motor moderno, capaz de cumprir mais facilmente as normas Euro 5, de 4 válvulas por cilindro e em que estes estão montados a 60º. A caixa é de 6 velocidades, não faltando uma embraiagem deslizante. Um motor já com provas dadas na categoria King of the Baggers do campeonato americano– que tem sido um êxito, com espectadores em todo o mundo – e que tem ajudado a Challenger a vencer muitos prémios internacionais devido às suas qualidades gerais.

CARACTERÍSTICAS
A Pursuit nasce da vontade de muitos clientes (e engenheiros da marca) em ter uma Roadmaster mais moderna e/ou colocar mais atributos turísticos na Challenger. Prestações, conforto, capacidade de carga e tecnologia foram os tópicos principais a desenvolver, e do motor já falámos, os assentos são enormes para condutor e passageiro(este com um valioso encosto), com aquecimento para o condutor e possibilidade de arrefecimento através de um sistema de ventoinha opcional. As malas laterais e a top-case possuem uma enorme capacidade (mais de 133 l no total) e em termos de equipamento,destaque ainda para o ecrã ajustável,luzes LED, punhos aquecidos, entradas de ar nas carenagens frontais junto às pernas e ajuste eletrónico da pré-carga da suspensão traseira, que a Challenger não contempla. Quanto à instrumentação, é composta por um TFT touchscreen de 7” Ride Command, com sistema Apple CarPlay (não tem para Android), GPS com navegação curva a curva e inúmeras informações. Na ciclística, salientamos a escolha de pneus Metzeler Cruise tec (rodas de 19” à frente 16” na retaguarda) e pinças Brembo de montagem radial no capítulo de travagem, além de possuir tecnologia Smart Lean que no fundo é uma IMU da Bosch que gere a inclinação em curva,o controlo de tração e o ABS. Uma moto que segundo a marca, vem rivalizar não só com a Harley-Davidson Road Glide Limited mas também com propostas bem diferentes mas que acabam por se equiparar em alguns pontos, casos da Honda Gold Wing Tour e da BMW K1600 GTL. Dizer ainda que a Indian Pursuit está disponível na versão Limited e Dark Horse, a preços que são também topos de gama!Quanto à gama de acessórios, é naturalmente enorme como não podia deixar de ser, e contempla os itens áudio, capacidade de carga, conforto e iluminação(LED adaptativos). Em termos de música, é possível montar um equalizador personalizável e colocar inúmeras colunas pelo modelo, para uma experiência de condução ainda mais especial, mesmo se de origem já temos 200 watts de som através das colunas montadas na carenagem frontal e mala traseira. Em termos de mais espaço opcional, existem vários sacos – de tamanhos variados – que podem aumentar ainda mais a capacidade de carga. Quanto ao conforto para os ocupantes, é possível escolher entre diversos ecrãs, mais curtos ou maiores (para beneficiar a estética ou melhorar a proteção aerodinâmica), colocar pousa-pés adicionais, suporte de braços para o passageiro e até escolher o tal assento refrigerado, que poderá dar jeito nos dias mais quentes do verão.

EM ESTRADA
Após as explicações rápidas sobre o manuseamento de todos os botões e instrumentação ficámos com algumas dúvidas se tínhamos entendido tudo. É que existe mesmo muito para “estudar”neste modelo, algo que um futuro proprietário não terá problema, ao contrário do jornalista que tem de aprender tudo muito rapidamente. O TFT por exemplo, é ótimo mas exige algum hábito, e algumas das funções fomos mesmo compreendendo em andamento,enquanto deitávamos o olho a paisagens incríveis. Circulámos maioritariamente por estradas de média / baixa velocidade mas a um ritmo normalmente vivo, e desde o início que apreciámos a correta posição de condução e conforto, sem nada para nos queixarmos. Os mais curtos de pernas poderão achar que estas seguem algo esticadas, mas as plataformas para os pés são grandes e permitem o ajuste destes. De resto, bom assento (e baixo),correta posição dos braços e uma proteção aerodinâmica bastante boa mesmo com o ecrã na posição mais baixa(e boa visão pois olhamos sempre por cima deste), pelo que mantivemos a sua posição reduzida mesmo em autoestrada. O motor é vivo e suficientemente divertido para mover um conjunto de 416 kg (…), com binário mais que aceitável e uma correta caixa de velocidades onde não falta o tradicional “clonk”, mas é pena não existir um duplo seletor (é opcional), e também não temos marcha-atrás, certamente por uma questão de custos, pelo que temos sempre de pensar bem onde estacionamos.Fomos apreciando cada vez mais a ins-trumentação e também gostámos muito do espaço para bagagem, apesar de termos muito pouca coisa para guardar… E quando ficámos com muito calor durante a parte da tarde, as entradas de ar nas carenagens inferiores foram bem úteis para arrefecer as pernas.
DINÂMICA (BEM) ACEITÁVEL
Em termos dinâmicos não nos podemos queixar nada da Pursuit, pois nunca nos podemos esquecer que estamos perante um conjunto com mais de 4 centenas de kg, por vezes a circular em estradas bem apertadas e de curvas lentas. No entanto, e há que dizê-lo, sempre que pegamos na Challenger durante o dia divertimo-nos bastante mais! São quase 40 kg a menos mas acima de tudo é a forma como o peso está distribuído que torna a Challenger mais ágil, mais rápida na resposta ao acelerador e no fundo mais brincalhona. O conforto é igualmente muito bom, e somente se levássemos passageiro e bastante bagagem é que iríamos sentir falta da Pursuit. Em ambas a capacidade de travagem é suficiente – desde que se use o travões dos dois eixos em simultâneo – e as suspensões também cumpremsem dificuldades, com a mais valia do ajuste eletrónico da pré-carga na ver-são maior.No final do dia obtivemos um consumo médio a rondar os 6,7 l/100 km na Pursuit e 6,2 l/100 km na Challenger, coma maioria dos quilómetros efetuados no modo Touring (não usámos o Rain),enquanto a resposta do modo Sport é bem agradável em estrada aberta mas por vezes algo agressiva em zonas mais sinuosas. A Challenger também acabou por tocar mais vezes no solo em curva,mas a distância ao solo é suficiente nos dois modelos; motos bem equipadas e que fazem muito bem aquilo que se destinam. Não são modelos para todos os gostos nem para todas as bolsas, mas permitem viajar – especialmente para bem longe – com muito conforto e estilo. Mas se não levarem passageiro nem muita bagagem irão ficar melhor servidos com a Challenger!

INDIAN PURSUIT | |
MOTOR | bicilíndrico em V PowerPlus, refrigeradopor líquido |
CILINDRADA | 1.768 cc |
POTÊNCIA | 121 cv @ 5.500 rpm |
BINÁRIO | 178 Nm @ 3.800 rpm |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | tubular em aço |
DEPÓSITO | 22,7 litros |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha telescópica invertida de 43 mm, curso de 130 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor Fox,ajuste eletrónico da pré-carga da mola, curso de114 mm |
TRAVÃO DIANTEIRO | 2 discos de 320 mm, pinças radiais de 4 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco de 298 mm, pinça de 2 êmbolos |
PNEU DIANTEIRO | 130/60 B19 |
PNEU TRASEIRO | 180/60 R16 |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.668 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 672 mm |
PESO | 416 kg |
P.V.P. | 34.190€(desde) |






