Ensaio Honda CBR 1000 RR-R Fireblade SP 30th Anniversary – 30 anos de evolução

A Honda Fireblade está de parabéns, celebrando 30 anos desde olançamento do seu primeiro modelo icónico em 1992. Para este ano,mantendo o mesmo formato exterior, o modelo foi melhorado nos pontos que mais necessitava, tanto na versão base como na SP, e nós somos uns sortudos em conhecer a versão especial de aniversário num dos nossos circuitos preferidos: Donington Park!

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:HONDA

Para os mais jovens poderá ser apenas mais uma moto super desportiva, como tantas outras, repleta de potência e tecnologia. Mas para os motociclistas de meia idade, a sigla Fire-blade significa mesmo muito! Desde 1992 foram muitas as versões lançadas, deixando muitos fãs das duas rodas sem dormir,em anos “dourados” do motociclismo (por vezes manchados também por aspetos menos bons), em que ter uma moto desportiva era muito normal, a gasolina era acessível e havia poucos controlos de radares. Hoje em dia é mais fácil encontrar este tipo de motos nos track days, que estão sempre cheios, e se os detratores poderão dizer que as recentes gerações Fireblade pouco ou nada têm feito no Mundial de SBK (o que é verdade, embora isso pareça estar a mudar), por outro lado o sucesso desportivo tem sido enorme em muitas outras competições, e falamos do Mundial de Endurance, campeonato britânico de SBK, Ilha de Man e outras provas de Road Racing, entre outras. E foi precisamente num dos mais famosos circuitos britânicos que fomos conhecer a mais recente geração do modelo, num fim de semana em que estivemos com as estrelas Glenn Irwin e John McGuiness (entrevistas já publicadas no nosso site) dias antes destes seguirem para o TT da Ilha de Man. E ainda assistimos a uma “concentração” de motos Fireblade notável, com motos para todos os gostos e de todas as idades, mas isso vamos deixar para o próximo número.

MODELO 2022

Não vamos falar muito sobre as especificações deste modelo, mas sim explicar as melhorias operadas para este ano, em especial nesta versão SP, a mais requintada e onde encontramos por exemplo as suspensões eletrónicas. Nascida em 2020, esta geração mudou muito do que era o paradigma da Fireblade, tendo sido totalmente construída a pensar na competição.Para 2022 manteve a potência de 160 Kw às 14.500 rpm (cerca de 215 cv de potência), mas o modelo foi melhorado naquilo que mais os jornalistas (e muitos clientes)se queixavam, na falta de potência nos baixos regimes para tanta “cavalaria” depois nas altas rotações. Assim, para uma melhor aceleração e tração em curva as portas de admissão, caixa de filtro de ar, funis de admissão e secção intermédia do escape foram revistos, para uma melhor resposta na gama média de rotações. A cremalheira passou a ter mais 3 dentes para um total de 43 (pois a transmissão era também demasiado longa) e o sistema quick shifter foi atualizado. O controlo de tração da Honda foi também otimizado de acordo com o feedback dado pelos pilotos da marca –mais sensível às ações sobre o punho direito – sendo estas as principais mexidas no modelo. Uma Fireblade SP que possui um quadro em alumínio tipo diamante e um braço oscilante de estilo RC213V-S, uma IMU de 6 eixos e um amortecedor de direção eletrónico de 3 níveis, igualmente inalterados. A suspensão é composta por unidades Ohlins Smart Electronic Control (S-EC)e a travagem monta componentes Brembo topo de gama para este segmento. Não falta uma instrumentação TFT a cores, que permite o ajuste de todos os modos de condução, ajuste dos modos de potência,travão-motor, sistema HSTC (controlo detração), controlo anti-cavalinho, modo de arranque e também do ABS, sendo a ignição através do sistema Honda Smart Key.Para este ano ambas as decorações SP (avermelhada e a preta) possuem jantes douradas (PVP de 27.400 €), enquanto a versão base, mais simples em termos de suspensões e travões, mas também melhorada em termos de motor custa 23.300 €.Quanto à versão SP 30º Aniversário destas páginas, presta homenagem à Fireblade original de 1992, com um conjunto de cores realmente notável e que é impossível não gostar. Os mais atentos irão reparar que também foi mantido o assento azul da versão original, mas existem mais por-menores: quando se liga a ignição vemos uma animação “Anel de Fogo” enquanto o ecrã carrega, o número de série exclusivo de cada moto está gravado a laser na mesa superior e nos logotipos do 30ºaniversário – na cobertura do depósito de combustível, na chave Smart e gravado à laser no silenciador Akrapovic – dando um toque de exclusividade ainda maior a este modelo. Tudo isto a um preço praticamente semelhante ao da versão SP“normal”, 27.700 €.

À CHUVA…

…ou não estivéssemos em Inglaterra! E é por isso que não se fazem mais apresentações de motos neste país, infelizmente!Esta exclusiva apresentação foi integrada num fim de semana de corridas do BSB,pelo que só tínhamos a pista livre na sexta-feira ao final da tarde, precisamente quando começou a chover! Pior quando a pista de Donington é uma das que apresenta um asfalto em pior estado – com muitas tiras emborrachadas a tapar as fendas – o que se traduz num ringue de patinagem quando chove. Solução: trocar rodas em todas as motos, pelo que andamos apenas na Fireblade (2 turnos de pilotagem) com pneus de chuva! É claro que,só para chatear, parou imediatamente de chover e por isso andámos praticamente a seco com pneus de chuva no 2º turno,numa pista de versão mais curta em que não fazíamos o Melbourne Hairpin. Mas adorámos o traçado, bem “old school” e fluído e ondulante como poucos nas zonas de Hollywood, Crainer Curves, Old Hairpin e Starkeys Bridge. E na reta interior a SP levantava a roda exatamente no mesmo local (existe uma pequena lomba não visível a olho nu) que as dos pilotos do Mundial de SBK! Quanto à Fireblade nesta versão ’22, continua a ser uma super desportiva bastante radical para uso em estrada – principalmente em termos de posição de condução – mas está bem mais agradável de pilotar em pista devido às alterações operadas. O motor “acorda” mais cedo e assim podemos sair de curva já com potência –e sem assustar – por volta das 6.000/8.000rpm, enquanto na geração anterior provavelmente teríamos de rodar uma mudança abaixo. A transmissão mais curta também ajuda nesse aspeto, pelo que agora a Fireblade acaba por estar mais fácil e divertida de pilotar para grande parte dos utilizadores. O motor tetracilíndrico em linha mantém-se suave mas a “cantar” bem pelo Akrapovic, e o quickshifter bidirecional melhorado está tão bom que é impossível pensar numa forma de o tornar ainda melhor. Perante as condições escorregadias e com os pneus de chuva Pirelli montados, usámos apenas o modo de condução 2 (equivalente a um modo Sport), que já oferecia toda a potência disponível mas de forma suave e progressiva, com as suspensões eletrónicas a ajustarem-se muito bem ao andamento e à superfície do asfalto, len-do bem as irregularidades. Nestas condições, apenas o ABS acabava por vezes por atuar demasiado (precisávamos de o ter ajustado), acabando por prolongar algumas travagens devido ao excessivo escorregar do pneu de chuva numa pista já seca. Ainda assim, o controlo de tração funcionou muito bem, oferecendo segurança sem castrar o andamento a um jornalista que já se imaginava novamente piloto, enquanto tentava seguir o grande McGuiness em pista. Apesar de não ter registado muitas alterações para 2022, a Fireblade recebeu no entanto as principais que se exigiam, pelo que está bem melhor em pista e apostamos que, igualmente mais agradável em estrada. Ágil, divertida e com excelente qualidade de construção, soma ainda por-menores bem exclusivos nesta versão SP Aniversário, e esperamos andar em breve novamente com ela, desta apenas apenas a seco. Uma moto que ficará bem em qualquer garagem, se possível com muitos track-days em vista, e ainda melhor se tiver a seu lado uma versão de 1992 bem mantida.