A evolução das motos, no que toca essencialmente à melhoria das suspensões,travões e pneus, e a profusão das ajudas eletrónicas, vieram tornar as motos bem mais fáceis e seguras de conduzir. Mas existem algumas que mantêm o seu ADN bem vincado, para o bem e para o mal, sendo o caso desta Streetfighter V2, uma moto criada apenas para o prazer de condução!

TEXTO:FERNANDO NETO/ FOTOS:RUI JORGE
Prazer de condução e uma estética refinada é algo que normalmente não falta nos produtos da marca italiana. Nestas páginas encontramos uma naked desportiva que combina toda a vertente desportiva da Panigale V2 com a atitude e o estilo da Streetfighter que,tal como a desportiva, também pode ser encontrada com um motor de 4 cilindros em V. Nesta bicilíndrica encontramos um motor Superquadro de 955 cc que debita 153 cv de potência às 10.750 rpm e um binário máximo de 101,4 Nm às 9.000 rpm, controlado por um pacote eletrónico de última geração. Motor que cumpre com as normas Euro 5 e que partilha com a Panigale V2 o sistema de escape que se prolonga sob omotor, finalizando num compacto silenciador do lado direito. Os corpos de injeção permanecem inalterados em relação à desportiva, controlados por um sistema Ride by Wire, e as válvulas são comandadas pelo tradicional sistema Desmodrómico com balanceiros revestidos em DLC, de modo a reduzir a fricção e aumentar a resistência à fadiga. Quanto ao peso, são 200 kg certinhos em ordem de marcha, mas vamos esmiuçar mais um pouco.
COMPLETA
Esteticamente esta moto não foge muito à topo de gama Streetfighter V4, com a sua característica ótica DRL, mas aqui o conceito de design é criado em redor da mecânica da Panigale V2,com o motor como elemento portante. Face à desportiva o guiador largo substitui os avanços,o assento é mais largo e confortável (embora a uma altura elevada de 845 mm ao solo), e os pousa-pés foram reposicionados para um maior conforto no dia a dia.Em termos de eletrónica, encontramos um plataforma inercial IMU de 6 eixos que gere uma série de sistemas: o ABS Cor-nering Evo, Ducati Traction Control Evo2, o Ducati Wheelie Control Evo, o Ducati Quick Shift bidirecional Evo 2 e o Engine Brake Control Evo. Os parâmetros de cada controlo são associados por defeito aos três Riding Modes (Sport, Road e Wet),estes associados também aos três Power Modes: High, Medium e Low.Em termos de ciclística, para além do conhecido quadro Monocoque em alumínio, destaque para as suspensões: na frente uma forquilha invertida Showa BPF de 43 mm e na retaguarda um monoamortecedor Sachs também totalmente regulável, montando ainda um amortecedor de direção Sachs. Quanto à travagem, material de topo com dois discos de 320 mm na frente, assistidos por pinças Brembo monobloco M4 32 de 4 êmbolos e montagem radial. Esta Streetfighter possui um generoso depósito de 17 litros e no capítulo da instrumentação possui um ecrã TFT a cores de 4,3”. Possui 4 anos de garantia e os intervalos para manutenção são a cada 12 meses ou 12.000 km, estando também disponível numa nova decoração verde mate bem apetecível!

PASSEAR? NAHH…
Mas afinal qual a razão do título usado neste trabalho? Porque esta é uma Ducati à antiga! É verdade que tem ajudas eletrónicas, quick shifter, etc, mas de resto é pura e dura, criada para oferecer muito prazer de condução (e eficácia) numa condução desportiva. Não é que seja desconfortável, mas a posição de condução é algo agressiva sobre a frente, num conjunto super estreito na zona das pernas o que ajuda ainda mais à estonteante agilidade do modelo.Os travões são excelentes e as suspensões igualmente boas, embora algo duras especialmente atrás se o piso não for perfeito ou se não estivermos em “modo ataque”. Quanto ao motor, “acorda” um pouco mais tarde do que esperávamos,notando-se bastante a presença do Euro5 neste bicilíndrico, tanto na subida de regime que parece estrangulada nas baixas rotações como no calor que emana para as pernas e rabo do condutor, especialmente nos dias mais quentes, a baixa velocidade ou quando fazemos paragens mais prolongados nos semáforos. Mas os 153 cv estão lá, simplesmente começam a aparecer depois das 7.000 rpm, quando se nota uma alteração no desempenho da Streetfighter, sendo depois uma festa esticar cada relação através do excelente quickshifter bidirecional. E nem precisamos de nos baixar muito em AE pois a própria posição já convida a andar depressa, especialmente no modo de condução Sport onde o motor parece respirar melhor. Gostámos da embraiagem hidráulica muito macia, do bom tato dos comandos, da excelente instrumentação e até do consumo médio que se cifrou em cerca de 5,1 l/100 km, enquanto os aderentes pneus Pirelli Diablo Rosso IV casamtambém bem com este modelo.

OU SEJA…
Esta moto proporcionou-nos grandes momentos de condução – como apenas algumas naked o fazem – e até ficámos com a vontade de levar a Streetfighter V2 a um circuito. Em condução desportiva o motor é divertido, a eletrónica funciona muito bem e a ciclística é bem capaz, oferecendo uma sensação de segurança enorme,mas em condução mais tranquila ficámos com a sensação que este é talvez o motor Ducati mais afetado pelas apertadas normas Euro 5, demasiado castrado nos baixos regimes e com demasiada apetência para soltar a temperatura no corpo do condutor. E é claro, também não é a moto ideal para passear com passageiro, mas isso já sabíamos. Mas como peça de arte ou por forma a extrair grandes momentos de condução em estrada ou em pista (se possível depois de montar outro sistema de escape), esta Streetfighter V2 está lá e promete continuar a apaixonar os amantes dos motores bicilindricos.
DUCATISTREETFIGHTER V2 | |
MOTOR | bicilíndrico em V, refriger. líquida |
CILINDRADA | 955 cc |
POTÊNCIA | 153 cv @10.750 rpm |
BINÁRIO | 101,4 Nm @ 9.000 rpm |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | monocoque em alumínio |
DEPÓSITO | 17 litros |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha telescópicainvertida Showa BPF totalmente ajustável de 43 mm,curso de 120 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor, Sachstot. ajustável curso de 130 mm |
TRAVÃO DIANTEIRO | dois discos de 320 mm, pinçasradiais Brembo M4 de 4 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco de 245 mm, pinça Brembode 2 êmbolos |
PNEU DIANTEIRO | 120/70 ZR17 |
PNEU TRASEIRO | 180/60 ZR17 |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.465 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 845 mm |
PESO | 200 kg |
P.V.P. | (DESDE)17.745€ |




