Após ter sido mostrada pela primeira vez ao público como um protótipo, no salão de Milão em 2019, a DesertX tinha tudo para seguir em frente e a Ducati não perdeu tempo em avançar com o projeto. Tal como dissemos no mês passado, estava para breve o primeiro contacto, pelo que fomos até à ilha da Sardenha tentar comprovar todas as suas mais valias!

TEXTO:FERNANDO NETO / FOTOS:DUCATI
Anova Ducati DesertX não pretende ser apenas mais uma trail com bom aspeto. A ambição da marca é mesmo levar os seus clientes a enfrentar os percursos mais duros de off-road, e para isso não faltam atributos diversos. Começando pelo início, o design da DesertX é bem especial e na verdade é uma reinterpretação do que era o desenho das motos de enduro dos anos ’80. Daí encontrarmos na frente um duplo farol redondo mas full LED, ou seja, esta moto vai buscar um pouco do que eram as motos antigas mas com muita tecnologia dos dias de hoje. Além disso a Ducati afirma que esta iluminação é a referência da classe, embora não tenha-mos tido oportunidade de o comprovar.
ARGUMENTOS
Em relação ao motor, falamos do bicilíndrico Testastretta a 11º de 937 centímetros cúbicos, com 110 cavalos de potência às 9.250 rpm (o binário máximo é de 92 Nm às 6.500 rpm) e refrigeração líquida, com distribuição desmodrômica. É portanto uma motorização que já conhecíamos da Multistrada V2, no entanto com várias diferenças neste modelo. Aqui temos relações de caixa mais curtas para uma utilização mais fácil e agradável em todo o terreno, porém a sexta relação da caixa é na mesma longa para uma utilização mais fácil e confortável, e também com melhores consumo em autoestrada.
Quanto à ciclística, que a Ducati diz estar preparada para tudo, utiliza um novo quadro de treliça em aço e rodas de 21 polegadas na frente e de 18 na retaguarda, com raios tubeless. Em termos de travagem, encontramos na dianteira pinças monobloco Brembo M50, portanto material de luxo, enquanto as suspensões Kayaba são totalmente ajustáveis nos dois eixos. Na frente a forquilha é uma unidade invertida de 46 mm com 230 mm de curso,enquanto atrás o monoamortecedor faz 220 mm de curso, para uma distância livre ao solo também sempre muito elevada,com um mínimo de 250 mm

ERGONOMIA E ELETRÓNICA
Em termos de ergonomia, esta DesertX foi pensada para oferecer conforto e uma elevada versatilidade em todas as condições.O triângulo assento-pousa-pés-guiador pretende funcionar tão bem na condução de pé como sentado em estrada, com uma área de encaixe bastante estreita. O assento está colocado a 875 mm do solo, mas pode ser rebaixado com um kit específico.Falando de ajudas à condução a nova DesertX conta com 6 Riding Modes que trabalham em combinação com 4 Power Modes – Full, High, Medium e Low – que alteram a potência e a resposta do motor.Existem assim definições específicas para o modo Enduro e para o novo modo Rally,a que se juntam os tradicionais Sport, Touring, Urban e Wet. Quanto às diferenças entre o Enduro e o Rally, o primeiro oferece menos potência de motor e uma maior intervenção da eletrónica (sem “cortar” demasiado o andamento), enquanto o Rally utiliza toda a potência e controlos eletrónicos reduzidos. E para quem gosta realmente de equipamento e siglas, aqui fica uma bela lista do que esta DesertX monta de origem: instrumentação TFT a cores de 5” (com dois modos de visualização e sistema multimídia), Ducati Safety Pack (cornering ABS, Ducati Traction Control), Riding Modes, Power Modes, Ducati Wheelie Control(DWC), Engine Brake Control (EBC), DucatiQuick up/down (DQS), Cruise control, ilu-minação full LED, DRl, Ducati brake light(DBL), tomadas USB e 12V, amortecedor de direção e piscas auto-off

INOVADORA
Uma das características muito interessantes desta DesertX é sua elevada autonomia. Na frente o depósito tradicional de combustível pode receber 21 litros de gasolina, mas opcionalmente é possível também adquirir um depósito para a traseira com 8 litros de capacidade, em que a transferência do combustível da traseira para odepósito frontal pode ser ativada a partir do painel de instrumentos. Em termos estéticos a moto ficará ainda mais irresistível,no entanto com esse depósito na traseira não é possível montar nem top case nem malas laterais rígidas.
NA SARDENHA…
…mas soubemos posteriormente que esta apresentação era para ter sido realizada em Marrocos. De qualquer forma, não faltou diversão nesta ilha do Mediterrâneo, que conta com paisagens e estradas de asfalto fantásticas. Quanto ao percurso em todo o motor recebeu ligeiras alterações e uma caixa mais curta nas primeiras relações. É potente e agradável na terra e no asfalto.A borracha dos pousa-pés pode ser retirada facilmente para uma maior aderência em TT. Muitos e bons pormenores numa moto bem pensada. Quanto ao percurso em todo-o-terreno, fizemos muitos quilómetros mas quase sempre em caminhos muito duros,com pó e alguma gravilha que colocaram em sentido os excelentes Pirelli STR Rally,que nessas situações tiveram trabalho acrescido. Após o almoço houve uma exceção, mas já lá vamos.Em primeiro lugar, dizer que esta moto é muito bonita ao vivo, mesmo na versão mais simples que testámos, com os dois assentos e sem o depósito traseiro. A posição de condução é muito boa, fácil e agradável, seja sentado ou de pé, mas o assento é naturalmente alto, pelo que senti algumas dificuldades em chegar com os pés ao chão, ou pelo menos em retirar o descanso lateral com as botas de motocross. A proteção aerodinâmica é suficiente e a instrumentação agradável e fácil de ler. Quanto ao assento é um pouco duro – não demasiado – e em estrada o comportamento dinâmico é muito bom, pelo que podemos andar rápido como numa qualquer trail mais desportiva, com as suspensões a funcionarem realmente bem, sem afundar demasiado em travagem. Fora de estrada houve as ligeiras dificuldades que já dis-semos, até porque a pressão dos pneus estava praticamente de série (elevada parao TT) e a forquilha estava algo dura para o meu peso (aliviando a compressão ficaria certamente melhor), mas foi mais as mãos e braços a pensarem do que propriamente a DesertX a mostrar limitações. Nos caminhos optámos quase sempre pelo modo Enduro, o que conta com mais ajudas eletrónicas mas possibilita ainda assim um bom escorregar da roda traseira. No modo Rally as emoções foram ainda mais fortes,mas aí o motor torna-se muito vivo, mais potente e ainda mais sensível ao toque no acelerador, mas no fundo nem andamos mais depressa e seguimos mais com o coração nas mãos pois não somos pilotos…


MAIS CURIOSIDADES
Não chegámos a desligar o ABS (existe um botão para isso), nem desligam totalmente o controlo de tração (era necessário entrar nos menus) mas de qualquer forma nunca sentimos problemas fora de estrada com o ABS (nos modos dedicados ao TT), que não compromete numa utilização rapidinha. Gostámos do comportamento do motor nas várias situações e apreciamos muito o tato do acelerador, oque nem sempre acontece em algumas motos recentes com sistema ride by wire.E elogiamos a caixa de velocidade que,estando mais curta está muito bem escalonada em todas as situações. Os travões são bons no asfalto e na terra, e os pneus excelentes no asfalto e bons em terra desde que haja alguma tração. Na verdade,no asfalto uma Multistrada V2 poderá desempenhar melhor o seu papel dinamicamente, mas a estética da DesertX e as suas virtudes no TT (mesmo que raramente a utilizasse nessas condições), não me fariam pensar muito sobre qual escolheria…Não será a trail mais ágil do segmento em curvas lentas, onde parece ter o peso algo elevado e não deixa de ter jante de21”, mas é muito bonita, bem acabada e apresenta mesmo muito equipamento e eletrónica. No total foram percorridos 243 km, com uma boa mistura entre asfalto eTT, para uma média global de 5,5 l/100 km.Uma moto suficientemente ágil na transição entre curvas, estável e muito divertida no modo Sport em asfalto. O quickshifter é muito bom e na terra curtimos imenso,especialmente depois do almoço em alguns estradões rápidos de bom piso e com bastante tração após ter chovido. O motor é bem linear e quando parávamos por vezes sentíamos algum calor na perna direita quando não desligamos o motor mas, no fundo, esta moto faz até lembrar um pouco a filosofia japonesa, pois parece fazer tudo bem, e com diversão! Clara-mente uma excelente moto dentro do seu segmento.
DUCATI DESERTX | |
MOTOR | bicilíndrico em L, Testastretta a 11º,refrigeração líquida |
CILINDRADA | 937 cc |
POTÊNCIA | 110 cv @9.250 rpm |
BINÁRIO | 92 Nm @ 6.500 rpm |
CAIXA | 6 velocidades |
QUADRO | treliça em tubos de aço |
DEPÓSITO | 21 litros |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha invertida Kayaba de 46 mm, curso de 230 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | monoamortecedor Kayaba,curso de 220 mm |
TRAVÃO DIANTEIRO | 2 discos de 320 mm, pinças radiais Brembo monobloco de 4 êmbolos |
TRAVÃO TRASEIRO | disco de 265 mm, pinça de 2 êmbolos |
PNEU DIANTEIRO | 90/90-21 |
PNEU TRASEIRO | 150/70R18 |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1.608 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 875 mm |
PESO | 223 kg |
P.V.P. | 16.145€(DESDE) |






